quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Que seja doce

Meninas são formigas. Mulheres são formigas. Creio que até os homens são formigas, e Setembro, o mês dos formigueiros se aprumarem. O sol vem com mais força, as janelas podem ser reabertas, as cortinas soltas ao vento, e à mesa, os doces. As permissões. Setembro é também um mês acanhado, ou melhor, um mês de engatinhar em direção às tentações. Um mês de encarar de frente as coisas todas, oquê nos seduz. Setembro é mês de São Cosme e São Damião, esses dois santinhos lúdicos, das crianças formigas, que nos trazem a lembrança que a vida não precisa ser amarga e nem carregada de dores, embora saibamos que até as dores podem ser véspera de doces alívios. Doces fazem isso. Aliviam. Aliviados, respiramos. Respiramos um ar doce, porquê fica ali no narizinho da gente a fragância das doçuras. E das flores. E das abelhas. E dos passarinhos. E dos dias que se alongam. E das noites de mais estrelas. E de sonhos mais bonitos... de tanta esperança. Eu sei que tudo parece utópico, mas tem dia que é assim, a gente canta e nem sabe porquê canta. Assim como há dias que a gente chora, e sabe muito bem porquê chora. Chora e então entram os doces. E depois dos doces a gente respira. E respirando doce seguimos andando, no meio da chuva, no meio do sol, feito pequenas formigas, um pouco perdidas, um tanto unidas, zanzando do meio do caos.
Que seja, ao menos então, doce. Bem doce. Né não, seu Caio?

terça-feira, 21 de setembro de 2010

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A maior parte das coisas
que mais nos interessam,

[ou mais nos aborrecem]

simplesmente não têm
E X P L I C A Ç Ã O .

Consequências, por exemplo!


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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Conjecturas noturnas

Preciso aprender a me calar. Não que eu seja dada a falar demasiadamente. Gosto até de ficar quieta, embora nem sempre consiga. Na verdade, preciso aprender a calar minhas vozes internas. Minhas viagens entre tempos e espaços que não combinam. Preciso calar as vozes que me levam a considerar o imponderável, ponderável. Pensamentos secretos. Pergunto-me se toda a gente tem esse tipo de perturbação. Não segredos, que todos os têm, claro, mas pensamentos secretos, coisas que as pessoas não imaginam que possam habitar a placidez de sua pessoa. Sinto-me presente passado e futuro coexistindo. Logo eu, que só queria ficar quietinha no meu canto, desfrutando a calmaria dos dias e das cotidianices banais. Tenho sonhos, esses que a gente sonha quando dorme, mas são tão mais do que sonhos... Quando abro os olhos pela manhã, sinto-me exausta, como se não tivesse parado de viver histórias nem por um segundo sequer. Em todo esse enredo inquietante existe um ser. Alguém que altera formas, nem sempre se mostra, e vive na espreita. Sinto amor vindo da parte dele. Sinto ódio vindo também. Sinto saudades, sinto angústia. Tem sonhos onde nos encontramos e somos felizes. Como aqui, na vida real, em certos momentos em que a ternura nos encobre, nos esconde das sombras. Mas há sonhos onde a sombra é dona do lápis. E escreve, escreve, escreve, cria trechos intransponíveis, pontes que se partem para sempre, caminhos bloqueados por pedras seculares, barulhos, silêncios. Como aqui, na vida real, quando somos afastados pelas nossas próprias forças fracas. Contraditório, não? Forças que não fazem acontecer, forças que afastam, são fracas na intenção. No bem. Na fé. E nada cala. Todos os fantasmas clamam atenção nessa noite. Nas noites todas. Inflamados dias e noites, e pensamentos que não calam. Penso em pisar de mansinho. Tento tirar os sapatos e passar despercebida, como uma adolescente que foge pela janela do quarto frente às proibições de pais severos. Sempre tive essa fantasia não realizada. Fugir para encontrar. Coragem de amassar bem os lençóis, fazer a modelagem do corpo com almofadas para disfarçar a presença, abrir a janela em silêncio, pular sorrateiramente a janela, o muro, a cerca, e sorrir da própria capacidade de ver a coragem de querer, poder e realizar sem medo das punições ou dos possíveis enganos. E ver ao longe, à espera, aquele alguém que espera exatamente isso de você, o RISCO. Talvez, todos os fantasmas que me visitam e todos os desencontros que me sondam tenham por objetivo exatamente isso: fazer-me ver, conhecer e me entregar ao risco. Vá saber. Conjecturas de uma mente que não pára. Conjecturas de uma mente que deseja um sonho bom. Pelo menos por essa noite. Boa Noite!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

So, so Cute!

_Seu cabelo está cheiroso, Pinny, falei, aspirando o perfume dos cabelos louros recém-lavados. Com cheirinho de shampoo.
_ E o meu olho?, ela perguntou, aconchegando seu corpinho aquecido pela camisola em meus braços.

_ O que tem seu olho?
_ Também está cheiroso?
_ Por que o olho estaria cheiroso?
_ Entrou sabão nele, ela explicou.


[Diários de Sylvia Plath, Julho.1953]

domingo, 12 de setembro de 2010

Muñeca


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Ela: Você veio, menininho! Não acredito!

Ele: Ah! menininha, sabe o que é que eu descobri?

Ela: O quê, menininho?!...

Ele: Eu não gosto de brincar de boneca mas,
eu adoro brincar COM boneca.

Married


Você sabe o que quer dizer,
c o v e r t u r e ?
A bailarina Isadora Duncan, deixa pistas:

_ Toda mulher inteligente que lê um contrato de casamento
e depois o aceita merece sofrer todas as consequências.

[Mas é tão lindo, tão romântico, tão tentador...]

domingo, 5 de setembro de 2010

Olhos de comer fotografia

_ Pra que esses olhos tão grandes feito um zoom, hein?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

somando uma velinha

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_ Sopra a velhinha, Bebe!
_ Já vai!... não tá vendo que tô fazendo os pedidos?
_ E oquê vai pedir?
_ Não conto, não conto e não conto. É s e g r e d o .

[Até parece! Só pra constar que dia 24/08 foi meu aniversário, e eu nao tive o prazer de soprar a velinha, maaaaas muitos pedidos foram feitos mesmo assim]

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